sexta-feira, 4 de maio de 2012

LIVRE CIRCULAÇÃO Desistir de Schengen é matar a ideia da Europa Cedendo ao pedido da França e da Itália, Bruxelas admitiu o princípio da reposição temporária dos controlos de fronteira dentro da UE. A decisão deve ser ratificada a 12 de maio. Uma regressão!!!! Imaginemos por um momento que os controlos nas fronteiras internas da União Europeia (UE) eram restaurados. Seria um desastre. Os cidadãos perderiam o tempo em alfândegas, os guardas de fronteira voltariam a ser esmagados pela carga de trabalho e voltariam às greves pela simplificação dos controlos (como fizeram os italianos e franceses no início da década de 1980, contribuindo assim para o estabelecimento do primeiro acordo de Schengen, assinado em 14 de junho de 1985 na cidade homónima, no Luxemburgo). Os orçamentos públicos seriam inflacionados pelos custos de pessoal e infraestruturas fronteiriças e os custos adicionais seriam pagos pelo cidadão, que sofreria mais impostos e compraria os produtos mais caros. Na verdade, isso remeteria para a situação que prevalecia antigamente. Mas haveria um outro preço enorme a pagar pela UE: abdicar de um princípio básico, a liberdade de movimento. O espaço Schengen deu a todos um sentimento de pertença a um território único. Quando nos deslocamos, de comboio ou de automóvel, de um país europeu para outro e apenas vemos um letreiro onde antes havia barreiras e polícia, é nesse momento que nos apercebemos da realidade criada pela UE. O “estrangeiro" fica mais próximo. Se reintroduzirmos controlos de fronteira, é provável que se assista a uma "tribalização" dos povos europeus: os vizinhos tornar-se-iam novamente "estrangeiros", mais estrangeiros do que há 20 anos. E para a União, seria o começo do fim.

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