sexta-feira, 4 de maio de 2012

A imigração é uma bênção No mesmo dia, e estritamente pelas mesmas razões, o Presidente dos EUA, Barack Obama, num longo discurso proferido na cidade de El Paso, junto da fronteira mexicana, defendeu a legalização dos clandestinos presentes nos Estados Unidos, estimados em 11 milhões de pessoas. Não façamos confusão: nos EUA, a imigração é tão controversa como na Europa. Também lá, suscita uma hostilidade violenta. Também lá, constatamos a mesma hipocrisia: os clandestinos são bem-vindos para fazerem os trabalhos mais humildes em troca de salários magros. E a disponibilidade desse tipo de trabalhos é atrativa. Um outro ponto em comum é a migração de sul para norte. Atualmente nos EUA, um em cada seis americanos tem origem latino-americana; este ano, esta categoria ultrapassou o número da população negra e o espanhol é oficialmente a segunda língua do país. Na Europa, a pequena ilha de Lampedusa é, agora, o símbolo da atração exercida pela Europa próspera e democrática sobre as populações da África e da Ásia. Esta migração do sul para norte irá, provavelmente, continuar e, na opinião de Obama e Fischer, trata-se de uma bênção, desde que se mantenha controlada. Mas, existe uma diferença fundamental entre os Estados Unidos e a Europa. Obama pode incluir os seus argumentos em defesa da imigração num grande discurso sobre a história e a força do seu país. Quando se dirigiu à multidão presente em El Paso, disse: “Vejam a Intel, a Google, a Yahoo e o eBay, as grandes empresas americanas que nos colocam na vanguarda do setor das altas tecnologias. Adivinhem quem fundou cada uma destas empresas. Um imigrante”. No mês passado, em Washington, apanhei um táxi cujo motorista era originário da Etiópia. Confessou-me com algum sarcasmo: “O sonho americano é uma ilusão para a maioria das pessoas, mas é o que nos motiva”. A Europa não tem este tipo de histórias estimulantes. No continente agora sobressai uma história negativa aqui ou ali e os argumentos económicos e culturais em prol da imigração já não são o tema principal da atualidade e do debate político.

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