quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Se o euro cair, a Europa também cai

O ano de 2011 será recordado como o ano em que, pela primeira vez, a União Europeia chegou perto do abismo e disse o indizível. Para surpresa dos próprios e de terceiros, dentro e fora da Europa, precisamente no momento em que, após uma década de introspeção e divisões, a Europa empenhava - se em recuperar o tempo perdido e aspirava a ser, finalmente, um ator global, uma crise económica e financeira mundial atingiu-a em cheio e destabilizou a sua conquista principal e melhor sucedida: a união monetária.

"Se o euro cair, a Europa também cai", disseram muitos europeus para uma situação que descreveram como a "mais difícil desde a Segunda Guerra Mundial". E tinham razão, porque as consequências de uma cisão do euro seriam tão profundas que dificilmente se ficariam pela moeda: teriam graves efeitos sobre o mercado interno e sobre as principais políticas comuns, incluindo a política externa, destruindo décadas de laboriosa construção europeia.

A "crise da cadeira vazia" dos anos 1960, a "euroesclerose" dos anos 1970, a sombra do declínio económico e tecnológico face aos Estados Unidos e ao Japão, nos anos 1980, o regresso dos campos de concentração e a limpeza étnica, nos anos 1990, o fracasso dos referendos constitucionais em França e na Holanda, na década passada: a União Europeia já tinha estado em crise antes, mas nenhuma delas teve um caráter existencial no sentido literal da palavra.

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