quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Entre a espada e a parede

Do ponto de vista institucional, o edifício europeu também sofreu duramente, uma vez que a Alemanha e a França optaram por um intergovernamentalismo sem contemplações nem complexos e viraram as costas às instituições europeias (em especial à Comissão e ao Parlamento) e ao chamado "método comunitário", que, tradicionalmente, tem sido a única garantia de equilíbrio entre grandes e pequenos, ricos e pobres, Norte e Sul.

In extremis, quase no fim do ano, o Banco Central Europeu salvou a economia europeia do colapso, inundando o mercado bancário de liquidez. Ao fazê-lo, deu razão a todos quantos vinham dizendo que as pressões sobre a dívida soberana não eram a causa mas a consequência de uma crise financeira que, devido aos erros na conceção e no funcionamento da zona euro, esteve prestes a arrastar consigo a própria UE. A campanha do BCE salvou a UE, pelo menos de momento, mas não resolveu os problemas de fundo, que continuam presentes e que 2012 terá de enfrentar.

Entre eles, há a destacar a impossibilidade de criar uma barreira de segurança entre o euro e a UE, que separe o fracasso de um do colapso da outra. Por isso, quando, em 2012, gregos e britânicos voltarem à mesa das negociações, a UE estará exatamente no mesmo lugar onde se encontrava em 2011: entre a espada de uma saída da Grécia do euro, cujas consequências seriam devastadoras, e a parede de uma rutura irreversível com o Reino Unido, que ameaçaria a unidade do mercado interno e enfraqueceria a posição da UE no mundo.

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