quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

FundoMonetário Internacional ganha 1140 milhões na ajuda à Grécia e à Irlanda

FMI cobra uma taxa de juro global efectiva superior a 5% aos dois países. É o preço da estabilidade. Grécia quer rever o contrato.

Os contribuintes gregos e irlandeses vão pagar mais de 1140 milhões de euros durante três anos em forma de "lucro" para o Fundo Monetário Internacional (FMI), ao abrigo do plano de ajuda financeira que a instituição tem em parceria com a União Europeia e a Comissão. Os países do euro, Portugal incluído, também ganham com os resgates, assegura o Eurostat.

O principal objectivo do Fundo não é ganhar dinheiro, mas sim assegurar a estabilidade financeira mundial. A crise de algumas dívidas soberanas do euro levantou esse perigo e enfatizou ameaças à própria sobrevivência da zona euro. Mas, claro, se o FMI empresta, tem de ser remunerado.

De acordo com informação disponível nos sites da instituição e da Comissão Europeia, o FMI está a aplicar uma taxa de juro efectiva de 5,7% à Irlanda, por um empréstimo de 22,5 mil milhões de euros a três anos. Esta verba, que é a parcela que cabe ao FMI, integra o total de 85 mil milhões disponibilizado em articulação com os países europeus no final de Novembro passado. A taxa de juro de base desta linha de crédito cobrada pelo FMI ronda os 3,12%. O resto até aos 5,7% é a margem do Fundo relativa aos custos da operação, cerca de 2,5%. Este spread dá o 'lucro' do FMI com o empréstimo aos irlandeses, aproximadamente 580,5 milhões de euros em três anos, assumindo que a taxa de juro se mantém nestes níveis. Ao todo, os irlandeses terão de pagar uma prestação superior a 1,28 mil milhões de euros em juros só pela parte do FMI.

Com a Grécia, resgatada em Maio, acontece algo semelhante: o Fundo emprestou 30 mil milhões dos 110 mil milhões de euros totais do pacote de ajuda, cobrando uma taxa de juro efectiva de 5,2% (a base é de 3,33%), o que lhe confere um ganho de 561 milhões de euros. Ao todo, os gregos terão de desembolsar em juros 1,56 mil milhões de euros em três anos.

O ministro das Finanças grego, George Papaconstantinou, disse na semana passada que pretende rever as condições junto do FMI, alegando que o país foi pressionado a aceitar uma taxa de juro demasiado alta "por causa dos problemas que tínhamos com a nossa credibilidade".

Por isso, Portugueses não vão na conversa dos "arautos dos benefícios do FMI"!!!

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