terça-feira, 10 de abril de 2012

Ambições políticas e económicas

Brasil e China são os dois grandes gigantes, ambos com ambição de potência global. Mas são casos diferentes. Para o Brasil, cujo investimento em Portugal tem décadas, a diferença está no volume e na entrada em força do Estado brasileiro, política mas também empresarialmente.

O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) apoia ativamente o processo de internacionalização das empresas brasileiras, que olham para Portugal como um mercado-trampolim para a Europa. Por outro lado, o alvo são sobretudo empresas "interessantes" com mercados globais, como é o caso da Cimpor (onde entraram em 2010), da EDP e até da RTP, cuja presença nos PALOP pode ser um atrativo.

Quanto à China, conta a oportunidade de entrar em mais um mercado europeu (e vulnerável), com ligações únicas à África lusófona, aceder a tecnologias e (porque não?) conseguir contornar ou impedir algumas barreiras protecionistas.

"Não se pode esquecer também o objetivo chinês de agilizar as suas empresas no mercado global, num processo de aprendizagem e captação de quadros".

O interesse na EDP é exemplar. Empresa líder nas renováveis (e a China tem um vasto plano de reforço de eficiência energética) com presença forte no mercado americano e brasileiro, a EDP é quase um íman. De uma assentada, alcançam dois fins: ganham competências técnicas e entram em mercados onde o seu peso já começa a suscitar anticorpos.

A Portugal, cujo interesse prioritário é neste momento "encaixar receita", não será porém indiferente quem ganha esta corrida. Mas o que parece estar a desenhar-se, é que, de uma forma ou de outra, brasileiros, chineses e angolanos serão quem vai dar as cartas nas últimas privatizações portuguesas.

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