tag:blogger.com,1999:blog-60806543072177098072023-11-15T07:45:34.951-08:00tertúlias económicasTem como objectivo alertar o cidadão comum para a causa económica, que afinal determina o nosso quotidiano.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.comBlogger263125tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-73651384312042766282012-06-12T02:57:00.001-07:002012-06-12T02:57:57.030-07:00UE lança programa para aumentar emprego”, como reação ao número recorde de 10% de desempregados na Europa.
Perante as violentas críticas contra a política de austeridade na Europa, a Comissão Europeia agarra-se a um bastião nacional: a política social e o mercado de emprego.
O comissário encarregue do dossiê, László Andor, deverá apresentar esta semana um “pacote para o emprego” que terá como objetivo a criação de 17 milhões de novos postos de trabalho na Europa até 2020.
As principais medidas desse plano são a total abertura dos mercados de trabalho, tanto público como privado, a todos os cidadãos europeus – incluindo romenos e búlgaros –, “salários mínimos adaptados” que permitam aos trabalhadores viverem do seu ordenado, reconhecimento dos respetivos diplomas e diminuição dos impostos sobre o trabalho.
A Comissão espera maior potencial de setores como a saúde, os cuidados a pessoas idosas, o desenvolvimento económico sustentável a nível climático e as tecnologias de informação. Resta saber se os Estados permitirão uma tal ingerência nos seus assuntos sociais: o plano será discutido durante a cimeira europeia do próximo mês de junho.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-1554981765205412312012-06-12T02:53:00.001-07:002012-06-12T02:53:55.349-07:00A grande “conspiração federalista”<h1><br />
</h1><div class="articlebody block"><div style="text-align: justify;">Nas últimas semanas, o fracasso da fórmula "ajuda + austeridade", até agora adotada para fazer face à crise do euro, fez surgir uma certeza, partilhada por um número cada vez maior de pessoas: a única maneira de manter de pé a periclitante união monetária é dotá-las das pernas que esta não tem – devido, entre outras razões, à rejeição pelos eleitores do projeto inicial de Constituição europeia, nos referendos de 2005, em França e nos Países Baixos –, ou seja, de uma união orçamental e bancária. Para a governar, não seria possível evitar uma forma mais completa de união política. Os Estados Unidos da Europa, até então situados no domínio da fantasia, tornar-se-iam realidade.</div><div style="text-align: justify;">Se a austeridade e o medo de que uma parte importante da economia do continente se afunde são necessários para pôr termo à resistência dos eleitorados nacionais e para que seja dado um passo decisivo num processo que se arrasta há cerca de 50 anos, será possível que as elites europeias tenham, conscientemente, "gerido a crise" da zona euro, deixando-a agravar-se durante 4 anos, de modo a poderem colher os frutos do pânico, de não existir alternativa?</div><div style="text-align: justify;"> "Penso que os criadores da união monetária já sabiam que o seu modelo [que era imperfeito e não previa uma cláusula de saída] causaria uma crise e que essa crise conduziria a uma solução federalista". "Era a única maneira de chegar ao federalismo."</div><div style="text-align: justify;"> Nos anos 1950, perante a agitação causada pelo processo da construção europeia, o promotor mais venerado dessa construção, proferiu um aforismo que se tornou célebre: "Os homens só aceitam a mudança quando sentem necessidade e só veem essa necessidade quando há uma crise" (Jean Monnet, <em>Memórias</em>). Palavras que, à luz dos acontecimentos em curso, se tingem de uma triste clarividência. Monnet era o líder dos tecnocratas europeus e não tardaria que a sua utopia administrativa se visse confrontada com os limites impostos pela política. Hoje, parece ter voltado a soar a hora dos tecnocratas e Monnet talvez possa ter a sua vingança.</div></div>Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-26717060588557235032012-06-01T02:48:00.001-07:002012-06-01T02:48:55.022-07:00Em busca de uma solução
Para a Comissão Europeia, trata-se de uma descoberta pelo menos chocante e perturbadora. Ao fim de dois anos de discussão, parece agora que as emissões indiretas deveriam ser introduzidas na legislação e está prevista para este verão a apresentação de uma proposta nesse sentido. Contudo, isso não significará o fim dos biocombustíveis. Hoje, o biogasóleo representa 80% do mercado europeu de biocombustíveis, sendo a quota restante detida pelo bioetanol, o equivalente do biogasóleo para os motores a gasolina.
A história dos biocombustíveis constitui uma prova adicional da dificuldade em encontrar uma solução fácil para a crise ambiental atual. A Europa corre presentemente o risco de se tornar alvo de ridicularização por parte dos que se opõem à teoria do aquecimento global e de outros adversários da tese de que o homem é responsável por esse aquecimento. Apesar de tudo, mesmo que manchada por alguns fracassos, a ideia de criar um futuro sustentável continua a ser uma meta legítima.
Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-40360639146155103172012-06-01T02:47:00.001-07:002012-06-01T02:47:37.028-07:00Óleos vegetais
A Europa argumentou que pretendia impor os biocombustíveis numa ótica de desenvolvimento sustentável. Segundo a legislação atual, ao contrário do gasóleo clássico e da gasolina, as plantas das quais é extraída a matéria-prima para os biocombustíveis destinados aos motores europeus garantiriam, no mínimo, uma redução de 35% das emissões de gases com efeito de estufa. Não podem, portanto, ser cultivadas em zonas de floresta virgem ou de outro ecossistema inestimável, porque, se isso acontecesse, o limiar fixado não seria atingido.
Então, por que motivo mais de cem organizações não governamentais enviaram recentemente à Comissão Europeia uma carta aberta, que constitui um alerta? A resposta resume-se a quatro letras: ILUC, Indirect Land Use Change, ou seja, alteração indireta do uso do solo. Semear colza em terrenos europeus, com vista à produção de biocombustíveis, é conforme com a legislação atual. É indiscutível que obteremos uma redução de emissões, mesmo que sejam integrados nos cálculos o gasóleo utilizado para proceder às colheitas, para produzir adubos, etc. Mas, dantes, os óleos alimentares satisfaziam as necessidades locais.
Hoje, a produção de colza vai parar aos motores diesel e a Europa importa óleos vegetais. Estes são produzidos, designadamente, a partir da palmeira-dendém, cultivada em enormes plantações, na Malásia e na Indonésia, em terras frequentemente conquistadas através da destruição de florestas virgens e da drenagem de zonas pantanosas. Se tivermos em conta essas emissões indiretas, conclui-se que o biocombustível produzido a partir da colza tem um impacto sobre o clima mais negativo do que o petróleo tradicional.
Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-39041919873440892852012-06-01T02:45:00.001-07:002012-06-01T02:45:46.948-07:00
Para atingir os seus objetivos em matéria de redução das emissões de CO2, a UE incentiva a exploração de biocombustíveis em terrenos agrícolas. Mas esse incentivo leva a que as culturas destinadas à alimentação e a poluição sejam transferidas para os países em desenvolvimento. Por conseguinte, a Comissão seria forçada a alterar constantemente a regulamentação nesta matéria.
Há três anos, a União Europeia assumiu um compromisso: fazer com que, até 2020, um décimo da energia dos meios de transporte europeus provenha de fontes renováveis. A frota sempre crescente de veículos elétricos, alimentados em parte a energia eólica e solar, deveria contribuir para esse objetivo.
A partir de 2015, começariam a ser rapidamente comercializadas viaturas a hidrogénio, que, em princípio, podem também funcionar com energia "verde". Deste modo, seria possível reforçar a segurança energética e reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. Mas a revolução tecnológica atrasou-se e, portanto, teriam de ser os biocombustíveis a assegurar o cumprimento do objetivo.
No entanto, ergueram-se vozes críticas, entre a comunidade científica e as organizações não governamentais, que alertam para o facto de a energia "cultivada nos campos" não ter apenas vantagens. Contribui igualmente para o aumento dos preços mundiais dos produtos alimentares. Os agricultores tradicionais dos países em desenvolvimento são expulsos das suas terras, que são absorvidas pela agricultura industrial – que traz consigo os pesticidas, os adubos artificiais e um impacto negativo sobre a biodiversidade. E, acima de tudo, conduz à devastação de florestas tropicais.
Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-21029510688916835482012-06-01T02:39:00.001-07:002012-06-01T02:39:02.531-07:00Europa precisa de três planosO enfraquecimento das finanças públicas foi o resultado previsível de um crescimento fraco e de bancos pouco sólidos. Foi prestada ajuda financeira aos países em maiores dificuldades, mas só na condição de cumprirem objetivos rígidos para a redução dos seus défices. Cortes na despesa e aumento de impostos conduziram a um crescimento ainda menor, a bancos ainda mais fragilizados e os anunciados objetivos de redução do défice não foram cumpridos, espetacularmente em alguns casos.
Vejamos a descrição do que aconteceu na Grécia, onde a recuperação previamente anunciada para 2013 foi agora – surpresa, surpresa – novamente adiada. "Diversos fatores dificultaram a sua concretização: instabilidade política, descontentamento social, problemas de capacidade administrativa e uma recessão muito mais grave do que se previra."
Isto resume quase tudo, mas nada garante que – mesmo agora – Bruxelas reconheça o que se passa. Fala em conseguir o devido equilíbrio entre necessidade de consolidação, reforma e crescimento, mas não reconhece que a atual combinação está completamente desajustada. A Europa precisa de três coisas: um plano de crescimento, um plano de recapitalização dos bancos e um plano para distribuir o fardo de uma forma mais equitativa entre o Norte, rico, e o Sul, pobre. Atualmente nada disto existe. E é por isso que a Europa luta agora pela sua sobrevivência.
Mas como conseguir tais objetivos se não existe liquidez!Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-51786156256197584392012-06-01T02:36:00.001-07:002012-06-01T02:36:57.221-07:00Apesar dos indícios claros de que as suas políticas de austeridade estão a conduzir os desesperados Estados-membros para uma situação económica ainda mais aflitiva, a Comissão Europeia apresentou, no seu Relatório de Contas anual a 30 de maio, a defesa de uma estratégia que leva à bancarrota.
Com os títulos da dívida pública espanhola quase a atingir os 7%, a economia grega à beira da rutura e o futuro da moeda única cada vez periclitante, a ocasião não podia ter sido melhor para Bruxelas publicar o seu Boletim sobre os 27 Estados-membros da União Europeia. Era o momento ideal para a Comissão Europeia estudar a situação, avaliar eventuais políticas e anunciar um plano para solucionar a crise generalizada.
Os documentos refletem um cenário negro. Reconhece-se que a União Monetária atravessa o período mais conturbado de sempre. Admite-se – se assim podemos dizer – que as políticas atuais não estão a resultar. E há sugestões, ditadas pelo desespero, sobre possíveis reações da Europa: eurobonds, uma união bancária e a injeção direta nos bancos fragilizados de fundos retirados do fundo de financiamento permanente.
Seria o suficiente para estimular os mercados financeiros enquanto os operadores de mercado ficariam satisfeitos com o facto de Bruxelas estar talvez um pouco menos perdida do que aparentemente esteve nos últimos meses. Porém, como estratégia de resolução da crise, revelar-se-ia mais uma vez inútil. Pela simples razão de que todas as grandes ideias tidas anteriormente se depararam com o rotundo "Nein!" de Angela Merkel.
Mas a questão mais vasta é que, mesmo agora, a Comissão parece estar num estado de abjeta negação da situação de falência de uma estratégia demasiado confiante sobre austeridade fiscal. O que está a acontecer no ponto fraco da zona euro é os países estarem a ver as finanças públicas a deteriorarem-se à medida que as economias se vão debilitando com a recessão. Para alguns, como é o caso dos gregos, o problema sempre foi o excesso de dívida pública. Para outros, como é o caso de Espanha e da Irlanda, o problema começou com uma orgia de investimentos descontrolados no setor privado que levou a que o Estado tivesse de pagar quando as bolhas rebentaram.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-29723842957025709512012-06-01T02:33:00.003-07:002012-06-01T02:33:37.763-07:00Plano B para o euroCrise da dívida
É a repetição de 2010. Os títulos da dívida pública espalham-se pelo continente, tendo em consideração que a taxa de juro de Portugal dos empréstimos a dez anos subiu para 6,7%. A estratégia de financiamento da Europa, destinada a acalmar os mercados financeiros e a criar uma barreira entre o centro e a periferia da zona euro, não está a resultar.
A solução?Um plano B: Restruturar a dívida pública. Se não se conseguir fazer isto, o resultado será ainda pior, levando em conta de que a intervenção do FMI tem de ser conjugada com alguma coragem política da UE.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-26157226332885065412012-06-01T02:29:00.001-07:002012-06-01T02:29:37.458-07:00Zona euro<div class="strapline"><br />
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Barroso defende união bancária<br />
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<div class="articlebody block">À margem da apresentação do relatório anual da Comissão sobre as economias dos Vinte e Sete, a 30 de maio, Durão Barroso admitiu a hipótese da criação de uma “união bancária” para apoiar o setor financeiro na zona euro. Essa “união bancária” deverá garantir um sistema de proteção dos depósitos e de controlo comum dos bancos.<br />
<blockquote>"Barroso defendeu uma futura união bancária que permita garantir ajudas diretas provenientes dos fundos do MEE [Mecanismo Europeu de Estabilidade] às instituições em dificuldades, em vez dos créditos unitários entregues aos Estados ou aos acionistas. O MEE deverá entrar em vigor a 1 de julho e será dotado com 700 mil milhões de euros. Precisamos de um plano que conceda tempo, disse Barroso. A partilha de encargos é uma condição essencial para a retoma de confiança dos investidores."</blockquote></div>Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-64161820570824776802012-05-15T09:03:00.002-07:002012-05-15T09:03:36.326-07:00O regresso ao dracma??No momento em que aumentam as especulações sobre a saída da Grécia da zona euro, é preciso perceber que o país não pode sobreviver sem a moeda única e que a Europa não pode permitir a sua saída. Por isso, ambos têm que colocar as cartas na mesa.
Em diversos países e regiões, o veredicto dos eleitores está dado. A solução baseada apenas na austeridade é um fracasso. Agora, há que o interiorizar e iniciar negociações, que se preveem difíceis, que poderão levar a compromissos penosos. Mas, é urgente que a Grécia esteja pronta para tudo. E será necessário distinguir a realidade das ameaças e das chantagens que se trocam neste momento.
Em primeiro lugar, a Grécia não está preparada para sobreviver por si mesma. Sem as ajudas da Europa e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em breve o dinheiro faltará para pagar os salários dos funcionários públicos e para comprar ao estrangeiro aquilo de que necessita para sobreviver, a começar pelos produtos alimentares e pelo petróleo.
Em segundo lugar, após as reestruturações impostas aos credores privados, atualmente quase metade da dívida grega está nas mãos da Europa ou do Fundo Monetário Internacional. Portanto, se a Grécia não pagar, serão sobretudo os contribuintes da zona euro, ou seja, todos nós (mil euros por cabeça, numa estimativa sumária), quem irá desembolsar.
Em terceiro lugar, o regresso ao dracma só seria vantajoso na imaginação de economistas pouco informados, quase todos americanos. O governo de Georges Papandreou encomendadou um estudo que concluía que mesmo os dois setores que proporcionam à Grécia os seus rendimentos principais, o turismo e a marinha mercante, não beneficiariam com uma moeda desvalorizada.
Em quarto lugar, a verdade desconhecida é a dos prejuízos colaterais – para além do incumprimento da dívida – que uma eventual bancarrota da Grécia causaria aos outros países da zona euro. O diferencial em relação aos títulos do tesouro alemães [spread] não deixaria de crescer. Certamente, as consequências não teriam o mesmo peso para todos. Seriam mais pesadas para os países fracos, a começar por Portugal, em seguida a Espanha e a Itália, e mais leves para a Alemanha.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-24056401614580319522012-05-15T08:37:00.002-07:002012-05-15T08:37:42.874-07:00Europa não sabe como dar a volta à situaçãoHá muito quem diga que só uma união bancária europeia pode livrar a banca e os governos deste sufocante abraço. Uma união bancária com um fundo de salvação alimentado pelos próprios bancos, de modo a que os governos deixem de estar obrigados a compensar falências: isso permitiria resolver o dilema atual do "too big to fail" [demasiado grande para cair], que faz com que os grandes bancos façam o que lhes apetece, porque têm a certeza de serem salvos pelo governo quando a situação lhes correr mal. Se forem penalizados pelos seus atos, passam a avaliar os riscos de forma diferente.
A Comissão Europeia preparou uma proposta. Mas a sua publicação já foi adiada dois anos porque os Estados-membros não a querem. Porque implica uma vigilância europeia forte. Isso equivale a uma transferência de soberania nacional, o que é, para muitos países, difícil ou tema tabu.
A Europa não sabe como dar a volta à situação. Como os governos não querem um sistema europeu de forte regulação financeira, aumenta o risco de o contribuinte levar com uma série de faturas europeias, sob a forma de ações de recuperação financeira, no valor de muitos milhares de milhões de euros. E resta muito pouco dinheiro para estimular o tal crescimento económico de que François Hollande é atualmente o paladino.
"A maior ameaça para a estabilidade financeira da Europa é o facto de os países da zona euro serem financiados por bancos que, se forem à falência, estarão dependentes dos governos aos quais emprestam dinheiro".Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-27118293238357250742012-05-15T08:35:00.002-07:002012-05-15T08:35:43.569-07:00Ato patriótico permite grandes lucrosTaxas de juro mesmo muito vantajosas. No inverno passado, o Banco Central Europeu concedeu créditos muito baratos para mil milhões de euros, a fim de manter as trocas de empréstimos europeus. Os bancos da Europa do Sul aproveitaram estes créditos de muito boa vontade, a uma taxa de juro de 1%, para depois emprestarem aos governos cobrando-lhes 6% ou mais. Um ato patriótico que lhes permite ir tendo grandes lucros. Parece ser uma solução, mas cria uma dinâmica perversa: os bancos e os governos tornam-se de tal modo interdependentes que se enfraquecem mutuamente.
"os bancos gregos estão absolutamente desgraçados". Parece ser um problema nacional. Mas isso é uma ilusão de ótica. O que vai acontecer se, de repente, os bancos do Sul não pagarem (não conseguirem pagar) os seus empréstimos ao BCE? "Por causa do euro, estamos todos no mesmo sistema".
Indiretamente, o BCE somos nós. Todos nós, de todos os países do euro. Se as coisas correrem mal no Sul da Europa, outros países da zona euro terão de ajudar, para salvar a união monetária europeia. O BCE está, pois, sob forte pressão da Alemanha e da Holanda, no sentido de impedir esses empréstimos especulativos. O mercado financeiro interno é a base do euro. A fuga de capitais do Sul para o Norte destrói esse tecido. "A integração financeira da Europa está a recuar, pela primeira vez desde o início dos anos 1980".
Os bancos retiram-se para as suas fronteiras: para serem mais fortes num país, deixam de conceder empréstimos a outro.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-66806731634455890182012-05-15T08:31:00.001-07:002012-05-15T08:31:18.037-07:00<blockquote class="tr_bq"><br />
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<div style="text-align: justify;">Não é possível tirar o crescimento da produção de uma cartola, como por magia,</div><div style="text-align: justify;">e não há de facto dinheiro para investimentos.</div><div style="text-align: justify;">Por isso há que manifestar uma certa estupefação com a forma como os políticos europeus,</div><div style="text-align: justify;">encabeçados pelo novo Presidente francês, martelam uma simples palavra: crescimento.</div><div style="text-align: justify;">Para o grupo de reflexão de Bruxelas CPSE, a dicotomia "austeridade ou crescimento" é um "falso debate", que não faz avançar um passo na solução da crise do euro.</div><div style="text-align: justify;">O verdadeiro debate, segundo ele, deve centrar-se nos bancos, especialmente os do Sul da Europa, que estão muito pior do que se pensava.</div><div style="text-align: justify;">"Os bancos gregos e espanhóis estão sentados numa pilha crescente de dívidas”. “Só a Europa os pode salvar, os Governos grego e espanhol são demasiado fracos. É um problema europeu da maior importância."</div><div style="text-align: justify;">No ano passado, depois de forte pressão política, os bancos europeus aceitaram cortes no pagamento da dívida do Estado grego, através de um perdão parcial. Depois disso, os mesmos bancos retiraram-se do Sul da zona euro, antes de novos cortes. Espanha, Itália e Portugal foram massivamente abandonados pelos investidores estrangeiros. Na Grécia, a fase seguinte já começou: até os gregos colocam o seu dinheiro no exterior. Estamos perante uma imensa fuga de capitais. "Quatro, cinco, seis mil milhões de euros por mês. Ninguém os consegue travar."</div><div style="text-align: justify;">Esta evolução acompanha a par e passo outra, igualmente prejudicial: devido à saída dos bancos do Norte da Europa, os do Sul vão-se afundando cada vez mais em dívidas. As obrigações de que os investidores estrangeiros se estão a livrar são compradas precisamente por bancos europeus do Sul. Fazem-no por pressão dos governos, mas também porque ganham dinheiro com isso. É que, em troca desse favor, os governos contratam novos empréstimos, a taxas de juros mais interessantes para os bancos.</div></blockquote>Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-27473210417506882892012-05-08T04:03:00.000-07:002012-05-08T04:03:03.960-07:00UE-CHINAChina cerca a Europa. Mas não percamos a esperança!
A crise da dívida europeia é um alvo fácil para o investimento externo chinês. Por isso, precisamos de perceber que espécie de poder se está a tornar a China, escreve Timothy Garton Ash.
Por vezes, a Europa colonizou pedaços da China. Agora, é a China que está a colonizar pedaços da Europa. Informalmente, é claro, e de uma forma muito mais bem-educada do que nós o fizemos. O crescimento da China tanto ilumina como explora o relativo declínio da Europa.
Durante a sua visita à Europa, o primeiro-ministro Wen Jiabao vai visitar a Alemanha, o Reino Unido e a Hungria. Porquê a Hungria? Porque, por um lado, tem atualmente a presidência rotativa da UE mas, também, porque a China ali tem grandes investimentos e quer ter ainda mais – como acontece um pouco por todo o lado no sul e no sudeste da Europa.
Um estudo recente do Conselho Europeu de Relações Externas (ECFR) estima que 40% do investimento chinês na UE está em Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Europa de Leste.
Porquê tanta atenção à periferia? Bom, porque há investimentos prometedores a serem feitos lá e porque estas pequenas e periféricas economias são a porta de entrada mais fácil para um mercado único europeu de 500 milhões de consumidores. O mercado da UE está muito mais aberto aos chineses do que o chinês está aberto aos europeus.
Investir muito nestes países também traz recompensas políticas. Não é excesso de cinismo ver Pequim construir uma espécie de lobby da China dentro das estruturas de tomada de decisão, onde o Estado mais pequeno é, pelo menos teoricamente, exatamente igual ao maior.
Com a maior reserva de divisas do mundo – cerca de três biliões de euros, atualmente – a China pode comprar metade dos bens públicos gregos a privatizar, de uma só vez. A Grécia deverá ter cuidado com estes presentes chineses? Bem, quem pede não escolhe.
Acreditar no comércio livre
Não devemos ser excessivamente paranoicos sobre este assunto. Se acreditamos no comércio livre e nos mercados, temos de praticar o que defendemos. No entanto, não há dúvida de que o poder económico chinês está a crescer na Europa – e a traduzir-se em influência política.
Alguns dos vizinhos asiáticos da China sofreram muito mais com o crescimento da China. Enquanto alguns, na Europa, ainda sonham com um mundo pós-moderno de soberania partilhada, em que a UE seria um modelo de governo global, a geopolítica da Ásia está cada vez mais parecida com a da Europa do século XIX – em vez de se assemelhar à do fim do século XX.
Para além das dimensões económica e militar do poder emergente da China, há ainda uma terceira dimensão: política, cultural ou de “suave” poder.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-89087797050575102982012-05-08T03:56:00.002-07:002012-05-08T03:56:27.247-07:00Campanha xenófoba para 2012Depois da Espanha e da França, que introduziram novas restrições no mercado de trabalho por causa dos romenos, vários outros Estados anunciaram que vão alterar a legislação a fim de reduzirem a imigração. Com o pretexto de salvaguardar os empregos locais, o acesso dos imigrantes ao mercado de trabalho. Não se tratam exatamente de razões económicas, mas de entorses aos princípios democráticos da União, que foram ignorados.
Sempre que a economia dos países de destino se contrai, aparecem atitudes de rejeição dos imigrantes. E, inevitavelmente, é o grupo mais importante de entre eles que é visado. Assim, os romenos são o alvo de várias campanhas nesse sentido.
Apesar disso, apenas uma pequena minoria de romenos volta ao seu país. Apesar disso, apenas uma pequena minoria de romenos volta ao seu país, apenas 5% dos que partiram voltaram ao seu país, e por períodos curtos. Depois, voltam a partir para outros destinos.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-22763000916638122132012-05-08T03:52:00.001-07:002012-05-08T03:52:48.748-07:00Migração do género "bilhete só de ida"A migração do género “bilhete só de ida”, como a dos italianos e dos irlandeses que embarcavam num navio com destino aos Estados Unidos e ali ficavam até morrer, desapareceu. Hoje, a migração é itinerante, de um país para o outro, em função do mercado de trabalho. Os migrantes distribuem-se tacitamente pelo mercado em função da aceitação e da penosidade do trabalho. Há, por isso, uma enorme diferença entre os emigrantes espanhóis e os romenos. Estes últimos são conhecidos como “apanhadores de morangos” porque, na sua maior parte, trabalham na agricultura dos países de destino e ocupam os empregos menos qualificados. Quanto aos espanhóis, estes vão para países onde encontram empregos especializados. A diferença entre romenos e espanhóis não é tanto a competência, mas a aceitação” de empregos diferentes.
Na Irlanda, o número de habitantes que atualmente deixa o país é superior ao dos imigrantes que entraram no país na época em que era conhecido como “o tigre celta”. No último ano fiscal, abril2010-abril2011, mais de 40 mil irlandeses abandonaram a ilha, contra os 36 mil imigrantes que ali chegaram. A tendência migratória atual vai manter-se, por causa da crise e da recessão que atinge a Europa. Sobretudo porque os países que se juntaram à União em 2004 já ultrapassaram o período de transição (de sete anos, no máximo) que um Estado membro lhes pode impor para proteger o seu mercado de trabalho. A data limite para a Polónia, a República Checa, a Hungria, a Estónia, a Letónia, a Lituânia, a Eslovénia e a Eslováquia foi 1 de maio deste ano.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-63337870517447188292012-05-08T03:50:00.001-07:002012-05-08T03:50:16.178-07:00EmigraçãoA crise leva os Europeus a retomar o caminho da emigração. É no norte do Continente que se encontra a salvação, tanto para os jovens dos países mediterrâneos, como para os da Europa oriental.
No espaço de um século, os países europeus passaram do estatuto de países de emigração para países de imigração – transformaram-se em países de acolhimento. Como um íman, o desenvolvimento industrial tem atraído a população dos países pobres. Muitos migrantes voltaram depois aos seus países de origem, mas foi precisa uma injeção de mão de obra externa para cobrir o deficit de trabalhadores. Os últimos países de acolhimento foram os do Sul da Europa, destino preferido dos romenos, sobretudo. Neste momento, estes imigrantes concorrem, no mercado de trabalho, com os autóctones no desemprego. Perante esta situação, e às novas restrições em matéria de emprego de estrangeiros, imigrantes do Leste e autóctones do Sul tendem a procurar trabalho na Europa do Norte.
No passado, a Europa já viveu grandes movimentos migratórios. Entre 1950 e 1970, cerca de 10 milhões de italianos, gregos, espanhóis e portugueses puseram-se a caminho de países europeus mais desenvolvidos. Depois de 1973, com o início do declínio demográfico no arco mediterrânico, os Estados que dele fazem parte abriram as suas portas aos trabalhadores estrangeiros. O ponto de inflexão – quando a imigração ultrapassou a emigração – foi atingido nos anos de 1980. Os fluxos vieram da África do Norte, depois, da Europa Central e Oriental. O processo acelerou-se depois da queda do Muro de Berlim. Agora, a Alemanha, o Reino Unido e os países nórdicos poderão ter de enfrentar um assalto sem precedentes porque, para além das populações com grande tradição migratória (Espanha, Itália, Irlanda e mesmo Grécia), há hoje uma enorme pressão dos países da Europa de Leste, com os romenos à cabeça. Quanto à Roménia, tornar-se-á, por sua vez, um país de imigração, mas tratar-se-ão, provavelmente, de trabalhadores vindos da Ásia, do Médio Oriente e da África.
As últimas estatísticas britânicas mostram, por outro lado, uma dinâmica invulgar na relação com a Espanha. O número de espanhóis registados no sistema de segurança social britânico aumentou 85% durante o último ano fiscal (abril -2010-abril - 2011), por comparação com o ano anterior.
Pela primeira vez, a Espanha faz parte dos cinco principais países de proveniência de imigrantes para o Reino Unido – depois do Paquistão, do Sri Lanka, da Lituânia e da Irlanda. Segundo a filial espanhola da agência de trabalho temporário Adecco, cerca de 110 mil pessoas deixaram a Espanha com um contrato de trabalho na mão entre 2008 e 2010, enquanto a taxa de desemprego naquele país ultrapassou os 21%. Mais de 4,2 milhões de pessoas estão sem emprego. Também entre os italianos se registou um aumento significativo: os 60 mil curriculuns vitae enviados para o Eurostat em março de 2010 passaram a quase 90 mil em setembro de 2011.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-54214933020622084542012-05-08T03:46:00.000-07:002012-05-08T03:46:20.914-07:0025 milhões de desempregados e o eldorado alemãoEm fevereiro, o desemprego na UE atingiu a taxa mais elevada dos últimos quinze anos.
Segundo o Eurostat, 10,2% dos europeus estão sem emprego, ou seja, 24,55 milhões de pessoas. Na zona euro a taxa é de 10,8%, o que significa 17,13 milhões de pessoas.
Com 5,7% (só a Holanda, a Áustria e o Luxemburgo têm menos desemprego) a Alemanha faz figura de eldorado, “Berlim faz publicidade junto dos europeus” para atrair mão-de-obra.
Em algumas regiões e setores profissionais, a Alemanha está numa situação de pleno emprego e procura aumentar a mão-de-obra estrangeira que fala alemão.
Um especialista em imigração afirma, no entanto, que as expectativas não devem ser muito elevadas: “A Alemanha não é a primeira escolha para os trabalhadores qualificados, tem que concorrer com outros Estados”.
Refere-se sobretudo aos licenciados que falam inglês que procuram emprego sobretudo no Reino Unido. Por isso, Berlim não espera um grande assalto de desempregados gregos e espanhóis.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-26523665002621075912012-05-08T03:43:00.001-07:002012-05-08T03:43:19.183-07:00Mercado negro para resíduos biológicosTerceiro: os que produzem energia através da cultura do milho podem dar-se ao luxo de pagar rendas muito mais altas pelos terrenos, chegando aos 1500 euros por hectare, o que gera uma concorrência desleal em relação aos que precisam de pastos para o gado. É o mesmo fenómeno que está a ser criado com os parques fotovoltaicos, pelo que se repetem os mesmos erros.
Quarto: as próprias instalações, as de um megawatt, são estruturas de grandes dimensões, cuja construção sacrifica definitivamente terrenos agrícolas.
Quinto: já se ouvem rumores sobre o surgimento de um mercado negro de detritos orgânicos, nomeadamente de sobras de matadouros, vendidos ilegalmente para produzir biogás. Nunca deveriam ser utilizados como biomassa, porque os resíduos da "digestão" são espalhados nos campos como fertilizantes, e esse tipo de desperdício não só polui como propaga doenças.
É um problema de escala. Em si, o biogás a partir de biomassas é benéfico. Mas se for produzido para fins especulativos e sobredimensionado, se intensificar a produção de milho com o único propósito de alimentar as instalações de produção de energia, se fizer subir os preços dos solos, se os esgotar e poluir, então é preciso dizer basta. Alto e bom som.
Estas questões devem ser colocadas sobre a mesa e discutidas durante os debates sobre a nova Política Agrícola Comum (PAC), que começaram há dias, em Bruxelas. Mais cedo ou mais tarde, os subsídios vão acabar. O biogás e as suas grandes instalações são um cautério na perna de pau da nossa agricultura doente e podem mesmo representar o seu golpe de misericórdia.
A verdade é que vai ser muito difícil voltar atrás: os terrenos férteis não são recuperáveis, os lençóis freáticos estão contaminados, a salubridade desaparece, os que se esforçam por praticar uma agricultura correta são entravados por uma competição impiedosa e insustentável. Agricultura industrial, que paradoxo!Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-51293425820650574962012-05-08T03:41:00.000-07:002012-05-08T03:41:01.757-07:00Produzir alimentos para produzir energiaO que está a acontecer? Muitos agricultores, em apuros por causa da crise generalizada no setor, tornam-se produtores de energia e deixam de produzir alimentos. Na verdade, cultivam apenas milho, de forma intensiva, para encherem os "biodigestores", geradores de biogás. Os investidores ajudam-nos e, por vezes, exploram-nos. Há quintas onde os agricultores são pagos por quem instala os equipamentos para cultivar apenas milho: tornam-se operários do setor energético, deixam de ser camponeses.
Tudo começou em 2008, quando foi introduzido um novo certificado verde "agrícola" para produção de energia elétrica através de instalações geradoras de biogás a partir de biomassas. "Pequenas" centrais com potencial elétrico não superior a um megawatt. Mas um megawatt é muito e atiçou os empresários: é que foi atribuída uma tarifa de 28 cêntimos por quilowatt/hora aos produtores, ou seja, o triplo do preço que pagam pela energia "normal".
E foi assim que o sistema de subsídios energéticos, somado ao da União Europeia para a produção de milho, tornou muito rentável a construção de grandes e dispendiosas instalações (podendo atingir os 4 milhões de euros), com custos que podem ser amortizados em poucos anos. Só na região de Cremona [norte de Itália], das cinco instalações licenciadas em 2007, passou-se hoje para 130. Calcula-se que o milho para produção de biogás ocupe atualmente 25% das terras cultivadas. Em 2013, deverá haver 500 instalações em toda a Lombardia.
O meio ambiente e a própria agricultura estão ameaçados. Vejamos algumas constatações. Primeiro: deixa-se de produzir alimentos para produzir energia. Segundo: a monocultura intensiva do milho é prejudicial para o solo, implicando o recurso a grandes quantidades de fertilizantes químicos, e consome uma enorme quantidade de água, retirada de lençóis freáticos cada vez mais pobres e poluídos. Sem rotação de parcelas, a fertilidade fica comprometida e facilita-se a disseminação de parasitas – que são atacados através do uso de pesticidas.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-69895650505396786442012-05-08T03:34:00.001-07:002012-05-08T03:37:29.620-07:00O paradoxo da agricultura industialAgricultura industrial: meditemos sobre este paradoxo. Em nome dele, o homem pensou poder produzir alimentos sem agricultores e acabou por expulsá-los do campo. Vigora hoje o conceito de campos cultivados sem produzir alimentos: uma agricultura não alimentar. Uma agricultura baseada exclusivamente no lucro e na especulação, que consegue transformar em desgraça tudo o que há de positivo: os alimentos, os terrenos férteis (que são cada vez menos) e até as energias limpas e renováveis. Como a fotovoltaica ou o biogás.
Já me referi à forma como a energia fotovoltaica se pode transformar numa máquina de devorar solos e recursos alimentares. Agora é a vez das unidades de biogás, que exploram a biomassa, ou seja, os resíduos da criação de gado, as palhas e outros vegetais. São instalações ideais para resolver o problema do estrume, que é um martírio para os criadores, bem como de outros resíduos biológicos, aumentando os proventos através de uma energia que pode ser usada na agricultura ou vendida.
Mas quando o conceito de negócio se intromete na questão, quando investidores que não querem saber minimamente se a agricultura produz alimentos (nem de que maneira) farejam um bom negócio e correm a tomar conta do biogás, aí a sua produção pode tornar-se uma maldição. É o que está a acontecer em muitas zonas do vale do Pó, especialmente onde há grandes concentrações de pecuária intensiva.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-69340401802714092292012-05-04T03:56:00.001-07:002012-05-04T03:56:25.704-07:00Financeiras islâmicas, um novo ator globalSem os seus apoios agrícolas, a UE e a NAFTA não suportariam a concorrência dos produtos baratos africanos. O comércio externo do continente negro continua a ser mínimo, enquanto os conflitos, a falta de tecnologia e uma dívida monstruosa o remetem para um atraso de várias décadas. A esperança para África vem hoje da Índia e da China, que expatriam empresários em vez de comboios humanitários, e investiram cerca de 80 mil milhões de dólares nos últimos anos.
Também o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) se está a tornar um ator de peso. Se os seus membros decidirem investir o dinheiro do petróleo em tecnologias e instituições financeiras, as suas economias deixarão de estar dependentes das matérias-primas e poderão dominar as economias estrangeiras. Quanto à iniciativa de um sistema bancário fundado na lei corânica, promovido pelo CCG, os seus benefícios (nomeadamente a estabilização do sistema financeiro, por meio da proibição da usura) estão ainda por demonstrar. Mas quem sabe se essas medidas não virão a constituir um valor completamente novo à escala mundial.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-27962163595438274312012-05-04T03:54:00.002-07:002012-05-04T03:54:26.970-07:00PIB da NAFTA comparável ao da UEO sucesso inicial da UE incitou, contudo, as outras regiões do mundo a criar uniões. A maior parte terá poder real apenas dentro de algumas décadas; mas conseguem já impor-se em mercados até aqui reservados à Europa.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional, a participação da UE no PIB mundial passará, em 2014, de 30% para 25%.
A NAFTA (ALENA) – Acordo de Comércio Livre da América do Norte –, união aduaneira entre os Estados Unidos, o México e o Canadá, dispõe já de um PIB comparável ao da UE, mas que progride mais rapidamente, mesmo em tempos de crise. A sua força reside, não somente numa política aduaneira harmonizada, mas também numa política voltada para investimentos recíprocos nos países-membros.
Embora não seja uma criação perfeita (nomeadamente devido à política de imigração dos Estados Unidos, que exclui a livre circulação de pessoas), a NAFTA ambiciona tornar-se numa união económica das Américas.
Chegou-se a falar de moeda comum – o "amero”. Até à data, a adesão dos países da América do Sul à NAFTA não foi possível, pela simples razão de que esses países criaram a sua própria – e poderosa – união.
Desde 1969, Peru, Bolívia, Equador e Colômbia fundaram a Comunidade Andina, que, em 2008, participou, ao lado do Mercosul (com o Brasil e a Argentina a liderá-la), na criação da União das Nações Sul-Americanas (UNASUR).
Esta pretende unificar toda a América Latina, à imagem da União Europeia. A UNASUR vai certamente levar tempo a tornar-se um concorrente sério, já que a América do Sul enfrenta regularmente crises económicas. À excepção do Brasil, que continua a ser um país poderoso, com uma política económica fiável.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-65647343658477578142012-05-04T03:51:00.001-07:002012-05-04T03:51:57.624-07:00Um contrapeso económicoJá em relação à união entre a Bielorrússia, a Rússia e o Cazaquistão, igualmente lançada no passado dia 1 de Janeiro, podemos interrogar-nos sobre qual o seu poder de atracção. Estes países, membros fundadores da Comunidade Económica Euro-Asiática (CEEA), formaram, para já, apenas uma união aduaneira. O objectivo anunciado de criar um "contrapeso” à UE deverá atrair os países da ex-União Soviética. Mas a ausência de uma lógica de acção para o longo prazo, o peso de sistemas fiscais desfavoráveis e uma imensidão de formalidades tornam infrutífera qualquer tentativa de estímulo às trocas mútuas dentro da CEEA.
A ausência de concorrência real por parte da CEEA é uma fraca consolação para a União Europeia. A economia da UE parece um atleta que substituiu a sala de musculação por uma dieta no MacDonald's. Há vários anos que a sua balança de trocas comerciais é negativa: compra mais do que vende. O seu PIB gigantesco, de 19 triliões de dólares, contrasta com o declínio do seu crescimento (cerca de 0,5% em 2009, contra 3% em 2006). É o resultado de uma má gestão de prioridades: ainda não tinha terminado a integração económica e já se iniciava a integração política.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6080654307217709807.post-83900574580308277162012-05-04T03:29:00.001-07:002012-05-04T03:29:29.017-07:00Uniões que não fazem a nossa forçaDa Ásia às Américas, as associações regionais multiplicam-se, seguindo o modelo da UE.
A má notícia é que corremos o risco de, a prazo, nos fazerem sombra na cena internacional.
Quase quatro vezes mais habitantes que os 27 países da UE, uma superfície de 14 milhões de quilómetros quadrados e um Produto Interno Bruto de mais de 6 triliões de dólares: eis as características da nova zona de comércio livre formada a 1 de Janeiro pela China e os dez países da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), incluindo a Indonésia, Singapura e a Tailândia.
Pequim manifesta assim a determinação de unir os vizinhos em seu redor, em vez de alimentar dissensões. Em 2013, o grupo China-ANSEA poderá alargar-se ao Japão, à Coreia do Sul, à Índia, à Austrália e mesmo à Formosa, que se mantém em conflito com a China.
Nos 20 a 30 próximos anos, vai surgir na Ásia a mais poderosa união de todos os tempos, sendo a zona de comércio livre apenas uma etapa preliminar para a união aduaneira e monetária.Dária Soareshttp://www.blogger.com/profile/13919816742622216093noreply@blogger.com0